Maria Amélia de Queirós era uma mulher pernambucana que nasceu no século XIX, onde o papel designado à mulher era o de “dona do lar”. Em meio a esse cenário, sempre foi revolucionária e fazia reuniões secretas em favor do abolicionismo. Foi em homenagem a ela que surgiu o nome do Coletivo Maria Amélia de Queirós, um grupo que foi criado por estudantes aqui da Facape e hoje reúne alunos de diversas faculdades da região para debaterem assuntos relevantes da nossa sociedade nos dias de hoje.
O grupo se reúne para discutir temas de gênero, classes sociais, religião, etnias e minorias no geral. Funciona da seguinte forma: um tema é escolhido para ser debatido, junto a um material de leitura que é disponibilizado nas redes sociais para que os interessados possam ter acesso. No dia da discussão esse material é utilizado como base para o tema escolhido, dessa forma fazendo com que os participantes possam ter base teórica antes das reuniões.
Os direitos do povo negro, por exemplo, já foram pautados em discussões e foi tema do mês de novembro no ano passado, já que é conhecido como Novembro Negro por ser o mês da resistência política desse povo. O tema atual está sendo o Sistema Prisional Brasileiro, que em algumas reuniões abordou obras como “Presos que menstruam”, de Nina Queiroz, e “História das prisões no Brasil”, de Clarissa Nunes Maia. O próximo debate sobre o tema será realizado dia 05/07, com a obra “A ressocialização: uma (dis)função da pena de prisão”, de Lourival Almeida.
Gessika Priscila Castro, aluna do 8º período do curso de Direito da Facape, explica que o grupo surgiu com apenas três pessoas. “Eu tinha essa vontade em mim de montar um coletivo aqui na faculdade e falei sobre isso com meus amigos também da Facape, Aline Muniz e Gustavo Cavalcanti, e eles também manifestaram essa vontade. Nosso primeiro encontro aconteceu em outubro do ano passado e outras pessoas mostraram interesse tanto em participar das reuniões como também em serem mais ativas na liderança”, conta. Segundo ela, os temas são escolhidos por questão de emergência. “A gente escolhe os temas mais essenciais, fundamentais e urgentes para serem debatidos levando em conta a conjuntura atual. São temas que envolvem política, história, sociologia e assuntos atuais”.
O Coletivo foi pensado em formato de roda de conversa com a estratégia de mudar a forma como geralmente são discutidos os temas nas Instituições, onde um palestrante fala e todo mundo escuta, sem realmente poder colocar seu ponto de vista em debate. Nas reuniões do grupo, o estudante é o próprio palestrante, é ele quem toma a iniciativa de discutir. É por isso que o lema usado por eles é “Incomode-se: isso muda tudo”, que destaca o fator principal pelo qual o grupo se formou: incomodar-se com a forma como o mundo funciona, os preconceitos e as desigualdades.
Para acompanhar as atividades do coletivo, basta seguir a página @coletivomaria.amelia no instagram, que é atualizada frequentemente com as datas e os temas de cada reunião.