O Novembro Negro é assim chamado desde 2011 por conta do Dia Nacional da Consciência Negra, que acontece em 20 do mesmo mês. A data não é uma comemoração, mas sim um dia para relembrar de quando Zumbi, líder de um quilombo, lutou pela libertação de escravos fugidos. Ele ficou conhecido como um símbolo de resistência no movimento negro e o dia de sua morte se tornou uma data que simboliza resistência.
A luta do movimento negro continua forte, principalmente por conta do aumento da taxa de homicídio de pessoas negras no Brasil por conta do Racismo. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que a taxa de morte entre a população negra no Brasil aumentou 23,1% em 10 anos (de 2006 a 2016), enquanto a de brancos diminuiu 6,8%.
O Estatuto da Igualdade Racial, lei nº 12.288, assegura que o brasileiro deve garantir oportunidades à população negra, além de que é necessário haver o combate à discriminação. Além disso, racismo é considerado crime inafiançável, de acordo com a lei nº 7.716. Ainda assim, os números continuam aumentando.
Foi para debater assuntos importantes como esse que surgiu o Coletivo Maria Amélia, um grupo de jovens estudantes que se reúnem periodicamente. Segundo uma das 07 organizadoras, Aline Victória Muniz, estudante do curso de Direito da Facape, o coletivo foi formado por ser necessário expandir conhecimento para além dos livros da faculdade. “O grupo foi formado porque vimos a necessidade de retirar da visão das pessoas que a faculdade é algo distante, e também para ajudar no sentido dos próprios estudantes entenderem que o curso superior é muito mais do que a leitura de livros, precisando de humanização e ações que interfiram e ajudem diretamente na realidade social. Somos jovens incomodados que não concordam com a inércia diante de tudo que estamos vivendo”, conta.
A pauta do mês do Coletivo Maria Amélia é justamente sobre a questão racial, por conta do Novembro negro. “Dentre as pautas do coletivo colocamos em cheque questões sociais e, indissociavelmente, conversamos sobre minorias. Precisar de um mês para conscientizar as pessoas chega a ser triste, mas há também a alegria em perceber que estamos começando a nos importar mais com os movimentos negros. É imperioso conscientizar, conversar, mostrar. Os jovens de hoje devem ser a mudança do amanhã, mostrando principalmente que a diferença cultural ou racial não dá espaço para mais nada além do acolhimento”, continua Aline.
O grupo reúne estudantes de toda a região e tem uma página no instagram: @coletivomaria.amelia.